onde desvendo o tempo
e há uma travessia no prelúdio das tuas mãos
sedento na mesma ponte que nos espera
do lado azul a sul da nossa quimera...
HÁ SEMPRE UM MOMENTO CERTO...
São íngremes as linhas da esperança...
São íngremes as linhas da esperança
na subtil sombra onde sobrevoam aves
feridas entres voos rasos de criança
como a inocência de olhares suaves
sobrepostos entre mares sibilinos
contrassenso duma estranha solidão
entre ventos agrestes e repentinos
que dilacerem o ar em combustão
Respiro na orla subtil da esperança
e revejo um homem só que antediz
o ritmo suspenso duma velha dança
arrancada à terra rochosa sem raiz
rumor inquieto e aberto à vertigem
desse voo de esperança sombreado
à nudez umbilical da mesma origem
que abarca o mar exilado, sussurrado
Fecho o olhar para ver a esperança
num céu aceso de tons purpúreos
quando reacendo a velha herança
entre passados rasos e obscuros
revejo os voos planados e incertos
onde conquistei toda a cegueira
na antecâmara de mil desertos
sulcados nas imagens da poeira
Hoje, são leves as linhas da esperança
repletas de simplicidades aninhadas
no espaço aberto à luz em mudança
harmonia de sons e cores regravadas
sem amordaçarem o voo da liberdade
equilibrado na melodia desta intuição
que me segreda a verdade da idade
liberta no coro que sustém a canção
São leves as linhas da esperança...
in, “ Rosas Roxas Proféticas"
( a publicar )
© Cristina Fernandes
Tens na voz
A ocultação das marés
Inquietas na paz
Serenas nos temporais
De outros tempos, memoriais
Tens na voz
A revisitação dos Deuses
Sábios de sentires
De luas solares
De sóis lunares
Tens na voz
A revelação dum segredo
Onde ainda guardo o tempo
Inconfessado na dor
Reencontrado no amor
Tens na voz
A maturidade da água
O coração do fogo
Purificado nos desertos
Entre mil mares incertos