Sombra duma lua submersa
alada como um corcel ao peito
insuspeito no rasgo da prosa
esboçada nesta lápide porosa
Sombra memorial dum vento
onde invento a cor - sabor
deste estranho amor voraz
reminiscência velha da paz
Sombra quebrada em crescente
no silêncio iniciático do olhar
madrugar ondulado nas vagas
de outras marés fustigadas
Sombra definida, pressentida
na dança nocturna deste céu
rendido sem véu ao mar
religado ao regressar
ao mesmo luar...
© Cristina Fernandes
foto: Nuno Viana
foto: Nuno Viana