segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Linhas da Esperança


São íngremes as linhas da esperança...


São íngremes as linhas da esperança

na subtil sombra onde sobrevoam aves

feridas entres voos rasos de criança

como a inocência de olhares suaves

sobrepostos entre mares sibilinos

contrassenso duma estranha solidão

entre ventos agrestes e repentinos

que dilacerem o ar em combustão


Respiro na orla subtil da esperança

e revejo um homem só que antediz

o ritmo suspenso duma velha dança

arrancada à terra rochosa sem raiz

rumor inquieto e aberto à vertigem

desse voo de esperança sombreado

à nudez umbilical da mesma origem

que abarca o mar exilado, sussurrado


Fecho o olhar para ver a esperança

num céu aceso de tons purpúreos

quando reacendo a velha herança

entre passados rasos e obscuros

revejo os voos planados e incertos

onde conquistei toda a cegueira

na antecâmara de mil desertos

sulcados nas imagens da poeira


Hoje, são leves as linhas da esperança

repletas de simplicidades aninhadas

no espaço aberto à luz em mudança

harmonia de sons e cores regravadas

sem amordaçarem o voo da liberdade

equilibrado na melodia desta intuição

que me segreda a verdade da idade

liberta no coro que sustém a canção


São leves as linhas da esperança...


in, “ Rosas Roxas Proféticas"
( a publicar )
© Cristina Fernandes