terça-feira, 19 de outubro de 2010

luz respirada


envolta na margem do teu corpo
decifro a sombra alvorada de luz
e acendo a palavra inconfessada
fímbria dum respirar que seduz

reconheço na mesma respiração
o sopro quente do deserto molhado
provado na inversão deste chão
céu rubro do velho mar indomado

repouso no eco da tua assonância
o fulgor da vogal que me desperta
na profunda madrugada entoada

silenciada na paz da minha infância
e na tua pele revejo a porta certa
duma chave em nós reencontrada 



(para a minha luz "especial"...
que me inspira há quase sete meses...)


Imagem: Joma Sipe, in "Mayab" 
tela a óleo sobre cartão telado (2000)
http://jomasipe.no.sapo.pt/