terça-feira, 18 de dezembro de 2018

é de paz este amor



     é de paz este amor 
     sem tempo, sem espaço 
     mas com a memória  
     oculta de outras eras  
     do tempo indeterminado 
     do espaço fustigado

    
é de paz este amor 

     sem dramas, sem pressas 
     mas com a verdade 
     misteriosa de outras eras 
     do tempo aprendiz 
     do espaço sem raiz
     
     é de paz este amor 
     sem dependências, sem urgências 
     mas com a plenitude 
     abrangente do mesmo abraço 
     do tempo demorado 
     do espaço reencontrado 
in, “ O Momento Certo “ ( a publicar ) © Cristina Fernandes foto: Cristina Fernandes

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Reencontro




Decifro no mapa da tua pele
Os regressos inesperados
Os percursos ladeados
De templos revisitados


Aguardo o sabor do saber
De (e)ternos luares religados
Entre promontórios fustigados
Por sentires nunca tocados


Regresso à praia iniciática
Da tua voz magistral
Da essência primordial
Enigma decifrado - ancestral


Revejo-me no cristal depurado
Em forma de concha transparente
Alquimia solar - sonho ardente
Deste amor Uno e confluente


in, “ O Momento Certo “
( a publicar )
© Cristina Fernandes
foto: Cristina Fernandes

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

É no silêncio que guardo


É no silêncio que guardo
a nossa música encantada
memória do tempo ajustado
à liberdade ainda fustigada

É no silêncio que guardo
as palavras feitas poema
inquietas na imensidão
do mar em sal sem chão

É no silêncio que guardo
o cofre aceso da paixão
pérolas de fogo purificado
no sorriso, hoje sublinhado

É no silêncio que guardo
este cântico feito melodia
memorial onde resguardo
a paz quente da harmonia

É no silêncio que guardo
as âncoras do velho mar
aprisionado na liberdade
deste amor sem idade…


in, “ O Momento Certo “
( a publicar )
© Cristina Fernandes
foto: Cristina Fernandes

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Tens na voz


Tens na voz
A ocultação das marés
Inquietas na paz
Serenas nos temporais
De outros tempos, memoriais

Tens na voz
A revisitação dos Deuses
Sábios de sentires
De luas solares
De sóis lunares

Tens na voz
A revelação dum segredo
Onde ainda guardo o tempo
Inconfessado na dor
Reencontrado no amor

Tens na voz
A maturidade da água
O coração do fogo
Purificado nos desertos
Entre mil mares incertos

in, “ O Momento Certo “
( a publicar )
© Cristina Fernandes
foto: Cristina Fernandes

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

"Fragmentos de um (só) tempo..."

Com muita pena minha não será possível estar presente no próximo dia 3 de Fevereiro no Museu Municipal da Lousã, para a exposição de fotografia "Fragmentos de um (só) tempo..." do excelente fotógrafo Joao Almeida. 
Aqui fica um pequeno texto que escrevi para essa exposição: 

Fragmentos de um (só ) Tempo
João Almeida nasceu em 1972, numa pequena aldeia do concelho de Coimbra, tendo desde cedo uma paixão: a fotografia. Actualmente reside na Lousã, vila inspiradora pela sua proximidade à serra, às aldeias tradicionais de xisto, às texturas e cheiros que a natureza imprime, moldando assim a liberdade de cada imagem fotografada.
Nesta exposição “Fragmentos de um (só) Tempo”, retracta a respiração intemporal dos ritmos da natureza, dos olhares que perscrutam o saber ancestral da vida, entre a flora e fauna, a fotografia acontece como um momento raro de magia. Uma dança de imagens entre viados e esquilos transporta-nos para o universo do sonho por acontecer de outros tempos. São os sussurros imperceptíveis da fauna, da flora que magistralmente encenam um bailado de encantar no cerne da natureza.
Assim, lapida as formas da imagem, os fragmentos intemporais dum só tempo, momento em que o click fotográfico congela eternamente, a ternura do olhar. Nesse deambular imperceptível das formas, a lente sempre atenta, regista segredos de olhares profundos das terras de xisto, onde as pedras têm segredos por contar, e as gentes raízes profundas de saberes antepassados.
Nesse lastro fragmentado de memórias, cresce um tempo sussurrante, onde se condensam segredos na lente do autor, um saber intuitivo ao captar momentos de rara beleza.
Entre as brumas envolventes das pateiras, crescem ecos flutuantes, filamentos soltos que a memória integra na arcada do tempo, na luz que alonga a possibilidade do sonho, redescoberto a cada instante. Nas neblinas quase líquidas crescem formas de libertação da alma, na eloquência da inocência, na sacralidade das brumas, onde se redefinem imagens povoadas de gotas soltas na memória dos tempos, entre o divagar do barqueiro que acende madrugas.
Em cada rosto há um portal para uma nova (re)descoberta, de olhares que contam histórias no silêncio de cada imagem... na (in)temporalidade de cada fragmento, de cada momento... de um só Tempo. 


© Cristina Fernandes
Janeiro, 2018