terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Renda de luz ...

                                                                                         foto:    Francisco Navarro


Renda de luz ...
Entrelaçada no fio descontinuado da memória 
Que solta amarras entre folhas orvalhadas 
Tecidas no mesmo olhar, na mesma trajectória 
Fustigada no sentir das nossas madrugadas 

Renda de luz ...
Exausta nos filamentos agrestes e silenciados 
Na procura de quentes nevoeiros entre cristais 
Gelo quebrado dos nossos luares despudorados 
Noites iluminadas entre confissões e vendavais 

Renda de luz ...
Trespassada nos ramos coroados de saber 
Que o passageiro do tempo lapida no Inverno 
Rumo ao “Sul Sagrado” dum novo recolher 
Renascido no degelo do nosso lugar eterno

Renda de luz ...
Soletrada nas vagas arqueadas da paixão 
Que soltam mil estrelas salgadas – sideradas 
Dos olhares como fiandeiros da tentação 
De duas almas reencontradas – naufragadas 

“Do lado certo do coração… 
És renda de luz que me seduz…”