foto: Francisco Navarro
Renda de luz ...
Entrelaçada no fio descontinuado da memória
Que solta amarras entre folhas orvalhadas
Tecidas no mesmo olhar, na mesma trajectória
Fustigada no sentir das nossas madrugadas
Renda de luz ...
Exausta nos filamentos agrestes e silenciados
Na procura de quentes nevoeiros entre cristais
Gelo quebrado dos nossos luares despudorados
Noites iluminadas entre confissões e vendavais
Renda de luz ...
Trespassada nos ramos coroados de saber
Que o passageiro do tempo lapida no Inverno
Rumo ao “Sul Sagrado” dum novo recolher
Renascido no degelo do nosso lugar eterno
Renda de luz ...
Soletrada nas vagas arqueadas da paixão
Que soltam mil estrelas salgadas – sideradas
Dos olhares como fiandeiros da tentação
De duas almas reencontradas – naufragadas
“Do lado certo do coração…
És renda de luz que me seduz…”