sexta-feira, 17 de outubro de 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

no mesmo Mar...


és o Mar
que assola a gota incandescente da paixão
o amor complacente que me acontece
na antecedência dum tempo murmurante
onde renasço no ondular desta prece
maioridade ao sentir-te na pele mareante
da respiração oculta na sombra que anoitece

e no teu Mar
encontro o sal alquímico do saber do coração
lapidado na terra densa que ainda me prende
o rasgo da penumbra das horas inconfessadas
quando o teu olhar de luz invade e surpreende
os momentos perenes nas harmonias tocadas
para além do som do éter que tudo transcende

e no meu Mar
fico perdida nas tuas mãos em combustão
remos vorazes dum barco desancorado
que na dualidade procura o sul sem norte
convergência do mesmo suor desejado
sempre que o amor renasce da sua morte
velha espiral do tempo breve silenciado

e no nosso Mar
crescem as águas últimas da emoção
raízes pantanosas das quais me liberto
ao tocar o azul profundo da profecia
memórias glaciares do mesmo deserto
que nem o grito dos Deuses ousaria
determinar o mar que queremos incerto

no mesmo Mar...
 
© Cristina Fernandes
foto: Cristina Fernandes
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

peregrino da história

 


Na nudez de cada palavra
cresce um tempo sem memória
onde se reconhece o olhar
do velho peregrino da história
 
 
© Cristina Fernandes / 2014
foto: Miguel Dias Ferreira
 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sensato é o tempo...


Sensato é o tempo que alonga as sombras
Na cadência tardia das horas côncavas
Dádiva duma era maior transbordante
Na vida cósmica gerada a cada instante...
 
Passos que tocam o silêncio dos céus
Entre raízes líquidas desenham vitrais
Decifrados nos caminhos revisitados
Dormência de tantos mares religados

Libertação ambígua dos poros da luz
Que irradiam seduções fustigadas
Nos corpos etéreos ao entardecer
Tardando o brilho lunar acontecer

Sensato é o tempo que ladeia o olhar
O brilho da alma que teima em ficar
Inscrita nos sulcos das ondas do mar
Escrita que desagua num só planar...
 
 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Amor do meu olhar (indecifrável, inconfessado, irrevelado)


Encontramos no silêncio
A linha eterna do tempo
Amor indecifrável do olhar
Onde navegamos sem amarras
Ondulando no espaço aberto
Unindo margens navegáveis
De velhos desertos ancorados
Nos passos incertos marginados

Percorremos as brumas densas
Maduras de vidas milenares
Amor inconfessado do olhar
Onde mitigamos cores sonhadas
No brilho das estrelas iniciais
Permitidas nas noites siderais
De velhas planícies revisitadas
Na luz certa das madrugadas

Navegamos sem destino
Sabendo certo o rumo do sul
Amor irrevelado do olhar
Onde crescem memórias acesas
No lume da era primordial
Perene e inerte aos sinais
De velhos templos sagrados
Nos momentos certos iniciados



© Cristina Fernandeshttps://www.facebook.com/OMomentoCertoPoesia
foto: Francisco Navarrohttps://www.facebook.com/FrankNavarroFotografia
 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

 
 
Dia 12 de Junho às 22h, estarei numa tertúlia de poesia, no bar "Inda a Noite é Uma Criança", na Praça da Flores, nº 8 - Lisboa.
Vamos fazer da poesia uma festa!!
 

terça-feira, 3 de junho de 2014

hoje olhei as águas

hoje olhei as águas
do tempo reflectido na madrugada
deste amor indomado
algemado na dúvida da chegada

do mesmo olhar ancorado
na baía encantada

hoje olhei as águas
navegadas nos trilhos embalados
da velha luz sibilante
sussurrante entre ventos alados
intuição dum instante
na baía encantada

hoje olhei as águas
reconhecidas num beijo imortal
selado no azul rendido
perdido nesse cheiro ancestral
dum só corpo perdido
na baía encantada

hoje olhei as águas
onde dançam sombras lunares
repletas do teu olhar
navegante da terra sem lugares
quietude deste ficar
na baía encantada

do meu (a)mar...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Raízes em Flor



Abrigo-me nas raízes cúmplices da memória
sábias de sentires amordaçados, quebrados
entre estilhaços desintegrados na história
onde pintei cores de sonhos deslumbrados

Aquieto-me nos silêncios vagueantes
mitigando mil olhares, unos, seculares...

entre trilhos profusos, mares cortantes
emparedados no eco de outros lugares

Aceito-me na convergência da luz
múltipla, divergente nas rochas oriundas
dum tempo líquido, memória andaluz
onde reencontrei as cores mais profundas

Abandono-me no interior das mãos côncavas
receptivas à vida que renasce e cresce
entre pérolas geradas sem dor, sonhadas
esculpidas na raiz em flor que floresce

© Cristina Fernandeshttps://www.facebook.com/OMomentoCertoPoesia
foto: Francisco Navarrohttps://www.facebook.com/FrankNavarroFotografia

quarta-feira, 16 de abril de 2014

brevidades (solares)




brevidades

exaustas entre brumas

que silenciam memórias

rasantes no voo das aves

e acendem no éter sideral

a flor do sol (in)temporal


brevidades

cercadas de luz mística

enrerada em velhos tempos

de mistérios triangulares

ladeados dum só mar

amor do meu olhar


brevidades

reflectidas nesta terra

onde se quebram sóis

fogosos e primordiais

raízes liquidas decifradas

no apelo das madrugadas


brevidades

convocadas por Deuses

iniciação sagrada das marés

eco uníssono e magistral

audível nos poros silenciados

enigmas de corpos fundiados


brevidades

onde crescem

saberes dum só sol...


© Cristina Fernandes
https://www.facebook.com/OMomentoCertoPoesia
foto: Francisco Navarro
https://www.facebook.com/FrankNavarroFotografia

quarta-feira, 12 de março de 2014

Revolução




vamos libertar os campos algemados
das almas dormentes, dos homens sedentos
rasgar cânticos de amor na bruma das flores
e soltar raízes presas em todas as dores

permite a frutificação das palavras proibidas
com o sabor inquieto da voz censurada...
e no eco toante de tantos vendavais
convergem madrugadas imemoriais

não deixes crescer a inércia dos injustos
que se esquecem da essência humana
e sulca na esperança o vale dum olhar
mesmo quando a distância teima resignar

quebra as celas que te querem impor
nos preâmbulos presos à insanidade
liberta flores com sabor a revolução
pois recriar Abril, está na tua mão...

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

sabemos...

sabemos
das âncoras resgatadas do fundo do mar
das dormências acordadas ao regressar
a esse local de prelúdios entrelaçados
altar de nós que já sabemos desatar

sabemos
dos sussurros da lua que guarda o céu
das vozes dum templo magistral e ateu
onde desenhamos o perfil da planície
recolhida no mesmo olhar sem véu

sabemos
do silêncio das pedras quebráveis
dos ecos dos desertos aráveis
das pérolas que nasceram da dor
de tantas vidas vividas e tocáveis

sabemos
do sentido das águas
contidas no olhar
ao regressar...
 
 
© Cristina Fernandes
foto: Francisco Navarro
 
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Amor

 
trocamos no perfume das marés
o incenso com sabor a desejo
do que só o Amor sabe conter
nas Águas do Sul do teu beijo

noites sôfregas dum só naufrágio
do teu corpo no meu - brilho aceso

às confissões dum só presságio
onde só o Amor se demove ileso

e no mesmo sorriso partilhado
corre um caudal transparente
do meu olhar por ti guardado
murmúrios dum só Sol ardente

incendeias-me a alma dorida
de tantas dores de outras vidas
mas sabes Amor do Além-Tejo
por ti cancelo todas as partidas...