Foto: Miguel Quaresma
Rasgo o azul num voo quente que se rompe no silêncio
exasperada é a quietude deste novo espectro latente,
vitral de luz nascente em cada precipício sobrevoado
envolvência ardente no olhar do peregrino resistente
Foco duma fonte continuada em cada momento
superfície profunda e marginal na terra laminada,
onde se plantam raízes no mar erguido de apogeu
no olhar herege volvido na margem da madrugada
Lentamente, grau a grau há um poente sem idade
por dentro desse olhar que alcança o infinito do céu
e sem o tocar, trespassa-se na luz que me invade
Lentamente, suplanto o mesmo degrau jade
quando sorrio ao breu e a este amor que nasceu,
no mesmo olhar rendilhado de cumplicidade