terça-feira, 30 de janeiro de 2018

"Fragmentos de um (só) tempo..."

Com muita pena minha não será possível estar presente no próximo dia 3 de Fevereiro no Museu Municipal da Lousã, para a exposição de fotografia "Fragmentos de um (só) tempo..." do excelente fotógrafo Joao Almeida. 
Aqui fica um pequeno texto que escrevi para essa exposição: 

Fragmentos de um (só ) Tempo
João Almeida nasceu em 1972, numa pequena aldeia do concelho de Coimbra, tendo desde cedo uma paixão: a fotografia. Actualmente reside na Lousã, vila inspiradora pela sua proximidade à serra, às aldeias tradicionais de xisto, às texturas e cheiros que a natureza imprime, moldando assim a liberdade de cada imagem fotografada.
Nesta exposição “Fragmentos de um (só) Tempo”, retracta a respiração intemporal dos ritmos da natureza, dos olhares que perscrutam o saber ancestral da vida, entre a flora e fauna, a fotografia acontece como um momento raro de magia. Uma dança de imagens entre viados e esquilos transporta-nos para o universo do sonho por acontecer de outros tempos. São os sussurros imperceptíveis da fauna, da flora que magistralmente encenam um bailado de encantar no cerne da natureza.
Assim, lapida as formas da imagem, os fragmentos intemporais dum só tempo, momento em que o click fotográfico congela eternamente, a ternura do olhar. Nesse deambular imperceptível das formas, a lente sempre atenta, regista segredos de olhares profundos das terras de xisto, onde as pedras têm segredos por contar, e as gentes raízes profundas de saberes antepassados.
Nesse lastro fragmentado de memórias, cresce um tempo sussurrante, onde se condensam segredos na lente do autor, um saber intuitivo ao captar momentos de rara beleza.
Entre as brumas envolventes das pateiras, crescem ecos flutuantes, filamentos soltos que a memória integra na arcada do tempo, na luz que alonga a possibilidade do sonho, redescoberto a cada instante. Nas neblinas quase líquidas crescem formas de libertação da alma, na eloquência da inocência, na sacralidade das brumas, onde se redefinem imagens povoadas de gotas soltas na memória dos tempos, entre o divagar do barqueiro que acende madrugas.
Em cada rosto há um portal para uma nova (re)descoberta, de olhares que contam histórias no silêncio de cada imagem... na (in)temporalidade de cada fragmento, de cada momento... de um só Tempo. 


© Cristina Fernandes
Janeiro, 2018

1 comentário:

Manuel Luis disse...

Por acaso não vi esta exposição. Em tempos, e durante muitos anos, fiz exposições na casa de cultura de Loulé.
Gosto e tenho uma paixão pelas aldeias de Xisto. Como tenho casa em Coimbra, vou muitas vezes fazer o trilho de Gondramáz até Miranda do Corvo.
Gosto da sua maneira de fotografar.
Obrigado pela qualidade, um livro bom de ler.
Boas festas com saúde.
Bjs