Há no teu respirar
uma travessia em contra-luz que me seduz
deserto aberto e murmurante às feridas colhidas
na seiva da terra ardente
pérolas inquietas no refúgio do teu olhar,
onde guardo todo ao meu aMar…
Há no teu respirar
um poente eloquente em cada entardecer
nas marés de ouro liberto nas praias recolhidas
inquietas ao pudor das estrelas caídas
rendidas à música entoada no teu respirar,
cântico fogoso no meu silenciar…
Há no teu respirar
um sopro rasgado na fímbria dum sonho lunar
ceifado na prata duma planície florida
das minhas ocultas rosas-roxas-proféticas
sombreadas no glauco do teu olhar,
tela onde desenho o meu madrugar…
Há no teu respirar
uma loucura incandescente que acende
temporais suspensos na curva ascendente
transbordantes nos poros oceânicos
reconhecidos nos sons desse teu chegar,
ao segredo que guardo do teu respirar…