segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Memórias...


Raias Poéticas
Vila Nova de Famalicão
Casa das Artes
Setembro, 2013


Rádio Voz de Alenquer
Alenquer
29 de Outubro de 2015


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Foi no Inverno

 
Foi no Inverno
Que paraste o tempo
O sabor salgado
Do mesmo olhar
Selado nas ondas
Crispadas do mar
 
Foi no Inverno
Que incendiaste o gelo
Do eterno momento
Nas gotas velejadas
Sulcadas na pele
De marés naufragadas
 
Foi no Inverno
Que desenhaste na tela
As aves mais frágeis
Que povoam o éter
De passados presentes
Dum sonho a renascer
 
 
 © Cristina Fernandes
  foto: Nuno Viana
 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sombras lunares

Sombra duma lua submersa
alada como um corcel ao peito
insuspeito no rasgo da prosa
esboçada nesta lápide porosa
 
Sombra memorial dum vento
onde invento a cor - sabor
deste estranho amor voraz
reminiscência velha da paz
 
Sombra quebrada em crescente
no silêncio iniciático do olhar
madrugar ondulado nas vagas
de outras marés fustigadas
 
Sombra definida, pressentida
na dança nocturna deste céu
rendido sem véu ao mar
religado ao regressar
 
ao mesmo luar... 
 
© Cristina Fernandes
foto: Nuno Viana
 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Poros de sal

 
 Nos teus braços sopram velas
pedaços submersos de sal
sublimes no brilho das estrelas
e na leveza do cristal
 
Profundos são os poros salgados
de luz solar dissipada
poentes lunares abraçados
da velha maré iluminada
 
Brevidades do corpo liberto
quando quebra o areal
e nos remos do mar aberto
navega energia dual
 
Deixa que o eco do coração
avassale o real
dum amor sem condição 
velho olhar inicial
 
© Cristina Fernandes
foto: Nuno Viana
 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Deixa que a maré vaze

 
 
Deixa que a maré vaze

para que mostre os relevos da terra

onde a vida encalha

como um barco sedento de oceano

entre nervuras onde tentamos

planar

sem asas, sem remos

simplesmente, respirar...

  
Deixa que a maré vaze

e no espelho das águas

sejamos reais

como o amor liberto do fulgor

entre margens onde juramos

tentar

sem egos, sem máscaras

simplesmente, respirar...

  
Deixa que a maré vaze

despudorada de palavras

onde a alegria renasça

como memória relembrada

entre tempos celebrados

voltar

sem medos, sem amarras

simplesmente, respirar...

© Cristina Fernandes
foto: Nuno Viana


terça-feira, 7 de abril de 2015

manhã (de sentires)

 
foi numa manhã fria
que chegaste
entre brumas sublimes
reveladoras de sentires
da velha infância
aquietada no colo
onde só o amor
é abundância
 
e nessa manhã
incendiei o gelo
acendi uma fogueira
no peito de sentires
colhi pétalas ardentes
nas folhas caídas
desta ternura acolhida
entre luares crescentes
 
foi nessa manhã
de sentires...
 
© Cristina Fernandes
    foto: Nuno Viana
 

terça-feira, 31 de março de 2015

Soletro

 soletro
em cada letra crescente de cor
o sonho aceso da madrugada
memória guardada do pintor
que reconhece a velha morada

soletro
na sombra da estrada o saber
do poente vertido no olhar
rasgado no céu a antever
o velho presságio de amar

soletro
 nos laivos de luz ascendente
rumos secretos do coração
paisagem recôndita presente
de velhas vidas em eclosão
 
soletro
sabendo que sabes do traço
suspenso na tela desenhada
nó desfeito no éter feito laço
e no céu soa uma velha balada
 
soletro
em mim poentes
e soletrando
sei
tudo o que sentes...

 
       © Cristina Fernandes
        foto: Nuno Viana
 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

chamas

 
 crescem...
chamas esvoaçantes
na ternura do teu olhar

mar aceso de memórias
confluentes dum só mar
 
afagam...
desertos sulcados
na sôfrega direcção
de ventos oceânicos
suspensos no coração
 
esculpem...
abraços intensos
na luz da madrugada
em combustão perene
da água acordada

 
encantam...
olhares cativos
no sopro percorrido
dum fogo renovador
no pulsar acontecido
 
 
© Cristina Fernandes
foto: Nuno Viana