quinta-feira, 9 de abril de 2015

Deixa que a maré vaze

 
 
Deixa que a maré vaze

para que mostre os relevos da terra

onde a vida encalha

como um barco sedento de oceano

entre nervuras onde tentamos

planar

sem asas, sem remos

simplesmente, respirar...

  
Deixa que a maré vaze

e no espelho das águas

sejamos reais

como o amor liberto do fulgor

entre margens onde juramos

tentar

sem egos, sem máscaras

simplesmente, respirar...

  
Deixa que a maré vaze

despudorada de palavras

onde a alegria renasça

como memória relembrada

entre tempos celebrados

voltar

sem medos, sem amarras

simplesmente, respirar...

© Cristina Fernandes
foto: Nuno Viana


terça-feira, 7 de abril de 2015

manhã (de sentires)

 
foi numa manhã fria
que chegaste
entre brumas sublimes
reveladoras de sentires
da velha infância
aquietada no colo
onde só o amor
é abundância
 
e nessa manhã
incendiei o gelo
acendi uma fogueira
no peito de sentires
colhi pétalas ardentes
nas folhas caídas
desta ternura acolhida
entre luares crescentes
 
foi nessa manhã
de sentires...
 
© Cristina Fernandes
    foto: Nuno Viana