terça-feira, 29 de outubro de 2013

elos do tempo...


houve um tempo,
que cortei a margem acesa
na sombra rugosa da manhã
como quem se confessa
aos sulcos duma esperança vã
 
e nesse tempo,
fundeei-me no negro oceano
onde derrubei tempestades
dum litoral de fogo insano
soprado entre orfandades
 
prossegui,
numa senda sem regresso
provei o sabor da devastação
do velho continente submerso
onde deixei preso o coração
 
depois... percebi,
que na luz desse território
fui água livre que deixou eco
lastro dum tempo migratório
onde o fim toca o (re)começo
 
e hoje,
sei da aprendizagem da dor
laminada no corte certeiro
da raiz crescente em flor
amor reencontrado inteiro
 

© Cristina Fernandes
https://www.facebook.com/OMomentoCertoPoesia
foto: Francisco Navarro
https://www.facebook.com/FrankNavarroFotografia
 

4 comentários:

Unknown disse...

Viagens metafóricas entre a nossa realidade de vida e o oceano profundo em tempestades vivas ou frios cortantes.
Mais difícil este género poético.

Sotnas disse...

Olá Cristina, e que tudo esteja bem!

Perdão mas, passando invadi, pois não resisti toda beleza deste teu canto, e percebi que estava no caminho certo, pois além de belo o teu espaço, o poema cá compartilhado que li é deveras intenso, tanto que me encantou, e sem resisti eu deixei este rastro, e deixo também minha gratidão por compartilhar tão belos e intensos sentimentos, além das belas imagens que os encimam, parabéns!
E assim grato e encantado me vou deixando também meu desejo para que tenha sempre em teu viver esta felicidade deveras intensa, um grande abraço e, até mais!

Manuel Veiga disse...

tudo se conjuga no interior do poema para a apoteose da "da dor laminada..."

muito bem.

beijo

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

e ainda bem que assim foi.

que essa dor laminada, um dia seja apenas recordação apagada.

boa semana.

beijos

:)